quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Por estes dias, numa SELECT eu buscava uma cerveja gelada quando me deparei com isso:

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A Cereser, um dos maiores fabricantes de bebida alcoólica do país, está lançando um produto para crianças que tem cara de champanhe, bolhinhas de champanhe, rolha de champanhe, estoura como champanhe, mas não é champanhe.

É um suquinho frisante, desenvolvido para as crianças fingirem que estão tomando...adivinha o quê?!

Hummm… Nada contra esses suquinhos levemente gaseificados. Meu filho adora um que vem numa latinha com o Pica Pau na frente. O problema é exatamente o formato no qual a coisa é vendida, a idéia por detrás do suquinho.

Do ponto de vista mercadológico, um dos principais objetivos de se lançar produtos adultos em versão infantil (ou adolescente) é formar e fidelizar novos consumidores. Mais do que lucro imediato, a indústria busca investir nos mercados futuros.

Velhos hábitos são difíceis de serem mudados. A indústria aposta que, uma vez desenvolvido o hábito de consumo daquele produto, principalmente na infância, dificilmente o consumidor deixará de consumi-lo na vida adulta.

É por isso que os bancos dão as calças dos gerentes em troca de abrir contas para universitários que só tem uns tostões furados, um VEM para pagar a passagem do ônibus e um baseado no bolso. Estão de olho no dia em que o liso (diga-se estudante) virará um dentista, um executivo, um advogado, com algum dinheiro e muitas contas para pagar: seguro, plano de saúde, capitalização para os filhos, cartões de crédito, etc.

Canais infantis, no sábado de manhã nada tem de gut gut ou de inocente.  Estão formando público.

É claro que a Cereser, uma empresa de bebidas alcoólicas, não está querendo apenas expandir mercado para o ramo de sucos. Se fosse assim, lançaria uma linha de sucos, com cara de suco, tampa de suco e rótulo de suco.

Criar o hábito de celebrar com espumantes os momentos especiais da vida. Nada contra se os consumidores fossem maiores, como é exigido por lei para os demais produtos deles. Nada contra se no rótulo não constasse o doce encanto dos personagens da empresa do Walt Disney.

E é exatamente pra Disney que guardo minha raiva maior. A Disney é hoje um dos 3 maiores conglomerados de entretenimento do planeta. Uma empresa que deve todo o seu patrimônio à infância. Alguém acredita que eles precisam dos centavos que vão ganhar licenciando personagens pra Cereser vender pseudo-birita pra criança?

Esta mesmo ideia de produto, também com o aval dos personagens Disney, já causou furor na Escócia em 2007, tendo as autoridades de saúde recomendado que fosse retirado das prateleiras. Cerser e Disney sabem o que estão a fazer.

Só espero não ver em breve “Charutos de Chocolate” do Zeca Urubu, ou Vibrador da Minie, quem sabe veremos um dia “Caipirinha do Zé Carioca”. Não sou politicamente correto, insisto nisso todos os dias, mas mexer com crianças,  me tira do sério!

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